A crise de engajamento nas empresas está em patamares críticos. Mais de 60% dos funcionários permanecem desconectados das estratégias centrais de suas organizações, conforme levantamento realizado pelo Instituto Gallup (Exame, 2023). Este cenário complexo exige uma ruptura imediata com benefícios tradicionais e programas pontuais, forçando líderes a repensar, de forma urgente, o futuro das práticas de conexão interna.
Para especialistas em gestão de pessoas, o engajamento se tornou um indicador de performance tão estratégico quanto vendas ou produtividade. “O engajamento não é um luxo ou um diferencial. É uma peça-chave para que o RH contribua efetivamente para os resultados do negócio”, afirma Rafael Giupponi, CEO da InCicle e especialista em gestão de pessoas focada em resultados.
Muitas organizações implementaram redes sociais corporativas para otimizar a comunicação interna e ferramentas que permitem ao colaborador acompanhar seus resultados em tempo real. Além disso, valorizaram o feedback contínuo como prática de gestão. Por outro lado, as Startups investiram em um modelo de trabalho atrativo, apostando em ambientes colaborativos, flexibilidade de horários e programas de bem-estar que integram saúde física e mental.

Na InCicle, o engajamento é uma prática diária e estruturada. Segundo Giupponi, a empresa sustenta a motivação e a conexão da equipe em pilares estratégicos. Entre eles, destacam-se os bate-papos periódicos que unem colaboradores e líderes, treinamentos constantes e direcionados especificamente para as atividades de cada time, e o programa NEXTiN, que traz profissionais renomados para compartilhar conhecimento e inspirar a equipe.
“Além disso, momentos informais no Café Imperial, a biblioteca interna, reuniões às sextas e happy hours semanais, refletem nosso compromisso em criar um ambiente onde pessoas se sentem ouvidas, reconhecidas e inspiradas a entregar resultados”, afirma Giupponi. Para ele, engajamento é fruto de uma combinação de atenção às pessoas, comunicação aberta e experiências que unem aprendizado, propósito e convivência.
Entre as tendências que despontam para 2026, a gamificação do dia a dia corporativo deve ganhar força, estimulando o engajamento através de desafios, metas e recompensas mensuráveis. Ferramentas de People Analytics também se consolidam, permitindo que líderes identifiquem comportamentos, antecipem demandas e construam estratégias mais assertivas de retenção.

Além disso, iniciativas de impacto social devem se tornar parte central da experiência do colaborador, alinhando propósito individual e organizacional. “A empresa que não engaja seus colaboradores pelo propósito corre o risco de perder não apenas talentos, mas relevância no mercado”, alerta Giupponi.
O ano que se encerra mostrou que engajamento não se resume a eventos corporativos ou ações isoladas. É uma construção diária, que exige liderança ativa, comunicação transparente e cultura organizacional consistente.
“Faz tempo que o RH deixou de ser apenas suporte para se tornar protagonista do negócio. Para 2026, a aposta está em tecnologias que aproximam, mas, sobretudo, em pessoas que se sentem ouvidas, valorizadas e conectadas ao propósito da empresa. No final das contas, ferramentas são meios, mas o que realmente move o engajamento é o olhar humano e estratégico de um RH extraordinário”, conclui.