O encerramento do ano concentra algumas das decisões mais sensíveis para a área de Recursos Humanos e costuma funcionar como um verdadeiro teste de maturidade para as empresas. Enquanto lideranças analisam metas, ajustam orçamentos e desenham o planejamento do próximo ciclo, o RH enfrenta um cenário de pressão silenciosa com equipes cansadas, expectativas altas por reconhecimento, disputas por talentos e um mercado que segue em transformações rápidas.
Um exemplo recorrente em empresas de médio e grande porte aparece quando o fechamento do ano chega sem um modelo estruturado de avaliação e priorização de talentos. Departamentos inteiros entram em janeiro com promoções congeladas ou decisões adiadas, enquanto profissionais de alta performance recebem o mesmo tratamento de quem não teve entregas ou não correspondeu às expectativas.
Esse tipo de situação, comum em empresas mais tradicionais, gera desengajamento silencioso entre colaboradores e enfraquece a cultura de meritocracia, impactando diretamente os resultados no período seguinte, segundo o especialista em gestão de pessoas focada em resultados e CEO da InCicle, Rafael Giupponi.
“É algo que acontece frequentemente nas empresas que concentram esforços apenas no orçamento e deixam seus colaboradores em segundo plano. Sem cruzar dados de desempenho, absenteísmo e clima organizacional, o RH perde a chance de identificar equipes sobrecarregadas ou líderes que precisam de apoio”, conta. “O reflexo aparece logo no primeiro trimestre, com aumento de afastamentos, queda de produtividade e dificuldades para seguir o planejamento estratégico”, completa.
Outro caso comum ocorre em organizações que tratam o fechamento do ano apenas como ajuste administrativo. Sem analisar dados de clima, desempenho e potencial, deixam de identificar sinais de alerta como sobrecarga, risco de burnout e desalinhamento de expectativas. O resultado, segundo Giupponi, é um início de ano marcado por queda de engajamento e aumento da taxa de turnover, elevando custos e pressionando ainda mais a liderança.
Diante desse contexto, o desafio de gestores e gerentes de RH em dezembro vai além da execução operacional. É o momento de transformar dados em estratégias para os negócios, conectando indicadores de desempenho, engajamento e desenvolvimento às decisões da empresa.
“O fim de ano escancara se o RH atua de forma reativa ou estratégica. Quando a área usa dados para orientar decisões e conectar pessoas aos objetivos da empresa, ela deixa de apagar incêndios e passa a gerar valor real. É assim que o RH se torna extraordinário. Empresas que fazem esse movimento conseguem atravessar o fechamento do ano com mais clareza, reduzir riscos e iniciar o próximo ciclo com times mais preparados e comprometidos”, finaliza.





